Elvira Vigna é uma escritora, ilustradora e jornalista
brasileira. Nasceu no Rio de Janeiro em 1947, hoje mora em São Paulo.
Tem vários livros publicados e alguns prêmios, como o de
ficção da Academia Brasileira de Letras e um prêmio Jabuti de literatura
infantil - setor a que se dedicou no início de sua carreira. Em seu site mantém
para leitura livre os seus textos fora de catálogo. É ilustradora e também faz
críticas e resenhas sobre arte
Os livros de Elvira Vigna apresentam, ao lado da narrativa
ficcional de cada um, o processo - sempre o mesmo - de se fazer uma narrativa
ficcional.
Sete anos
e um dia, seu primeiro romance, está disponível na íntegra no site da
autora. Trata-se da história de quatro amigos durante a época da abertura
política, pós-ditadura brasileira, quando nada do que acontecia parecia muito
real.
Em O assassinato de Bebê Martê uma mulher sabe que sua melhor amiga
matou o próprio pai, há muitos anos, durante uma festa onde se comemorava o
aniversário de 80 anos dele. Nesta noite haverá uma outra festa. Ela refaz na
sua cabeça os acontecimentos passados, acrescentando aqui e ali alguns detalhes
de como ela acha que o fato se deu. Durante a festa ela irá repetir esse crime,
agora não mais como mera ouvinte, mas como autora dele.
Em Às seis em ponto um casal de namorados já maduros vai
visitar a família da mulher. O motivo é um drama: na semana anterior o pai dela
amanheceu morto na banheira. Durante a viagem, a mulher tenta - e não consegue
- contar uma história para o namorado: a de como essa viagem na verdade é uma
segunda viagem, a primeira tendo sido feita uma semana antes, quando durante
uma briga ela jogou o pai na banheira e o matou. A história não é totalmente
contada, o namorado terá que conviver com a dúvida sobre o quanto de verdade
ficou do lado de fora.
Em Coisas que os homens não entendem uma mulher volta de Nova York em busca
de um ex-amante. Ela acredita que só poderá ser feliz se disser a ele o que se
passou em um fim de tarde em que um irmão dele morreu, supostamente por bala
perdida. Ela precisa contar. Ela começa, ele interrompe: ele já sabe. Ele
sempre soube de tudo. Ficam juntos por um tempo mas ela decide ir embora: não
dá para ficar com alguém a quem não haja mais nada para contar. Esse livro teve
uma edição em sueco.
Em A um passo cada personagem conta, em sua própria
voz, o que ele acha que sabe sobre os outros. Cada um explica um pouco a
respeito de um roubo e de uma tentativa de assassinato. Há um personagem que
conta todos os outros e que só vai aparecer no final. É ele o narrador e seu
problema é o que ele fará uma vez que os seus companheiros estejam mortos ou
tenham fugido. O que fazer depois que as transgressões foram feitas e
assimiladas.
Deixei
ele lá e vim gira em
torno de uma noite, na praia semi-privativa de um hotel de luxo, quando uma
garota de programa morre afogada. Junto com ela havia outras duas mulheres. É
uma delas quem conta o que houve. Ela mente, ela diz o que quer, o que lhe
interessa. É ela a narradora do livro, o alter-ego de quem escreve. É um travesti: põe qualquer roupa
que lhe atráia.
Em Nada a dizer a história de adultério é apenas a
primeira capa de uma guerra de narrativas, em que os personagens destróem
mutuamente a auto-imagem que mantinham anteriormente. Esse livro não acaba, é
interrompido. Não é possível continuar a contar o que houve na primeira pessoa,
quando essa pessoa não mais existe.
O que deu para fazer em matéria
de história de amor é a
indecisão sobre como contar uma história. Dependendo do enfoque ela pode ser
uma história de amor ou a de um assassinato. Ou mesmo as duas.
A escritora estará em Presidente
Venceslau, nesta quinta-feira dia 14/11 ás 19h30 no Anfiteatro Municipal para
um bate-papo com a plateia.
É a Viagem Literária, programa da
Secretária de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura Municipal.
A entrada é franca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário