quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Viagem Literária

Elvira Vigna é uma escritora, ilustradora e jornalista brasileira. Nasceu no Rio de Janeiro em 1947, hoje mora em São Paulo.
Tem vários livros publicados e alguns prêmios, como o de ficção da Academia Brasileira de Letras e um prêmio Jabuti de literatura infantil - setor a que se dedicou no início de sua carreira. Em seu site mantém para leitura livre os seus textos fora de catálogo. É ilustradora e também faz críticas e resenhas sobre arte
Os livros de Elvira Vigna apresentam, ao lado da narrativa ficcional de cada um, o processo - sempre o mesmo - de se fazer uma narrativa ficcional.
Sete anos e um dia, seu primeiro romance, está disponível na íntegra no site da autora. Trata-se da história de quatro amigos durante a época da abertura política, pós-ditadura brasileira, quando nada do que acontecia parecia muito real.
Em O assassinato de Bebê Martê uma mulher sabe que sua melhor amiga matou o próprio pai, há muitos anos, durante uma festa onde se comemorava o aniversário de 80 anos dele. Nesta noite haverá uma outra festa. Ela refaz na sua cabeça os acontecimentos passados, acrescentando aqui e ali alguns detalhes de como ela acha que o fato se deu. Durante a festa ela irá repetir esse crime, agora não mais como mera ouvinte, mas como autora dele.
Em Às seis em ponto um casal de namorados já maduros vai visitar a família da mulher. O motivo é um drama: na semana anterior o pai dela amanheceu morto na banheira. Durante a viagem, a mulher tenta - e não consegue - contar uma história para o namorado: a de como essa viagem na verdade é uma segunda viagem, a primeira tendo sido feita uma semana antes, quando durante uma briga ela jogou o pai na banheira e o matou. A história não é totalmente contada, o namorado terá que conviver com a dúvida sobre o quanto de verdade ficou do lado de fora.
Em Coisas que os homens não entendem uma mulher volta de Nova York em busca de um ex-amante. Ela acredita que só poderá ser feliz se disser a ele o que se passou em um fim de tarde em que um irmão dele morreu, supostamente por bala perdida. Ela precisa contar. Ela começa, ele interrompe: ele já sabe. Ele sempre soube de tudo. Ficam juntos por um tempo mas ela decide ir embora: não dá para ficar com alguém a quem não haja mais nada para contar. Esse livro teve uma edição em sueco.
Em A um passo cada personagem conta, em sua própria voz, o que ele acha que sabe sobre os outros. Cada um explica um pouco a respeito de um roubo e de uma tentativa de assassinato. Há um personagem que conta todos os outros e que só vai aparecer no final. É ele o narrador e seu problema é o que ele fará uma vez que os seus companheiros estejam mortos ou tenham fugido. O que fazer depois que as transgressões foram feitas e assimiladas.
Deixei ele lá e vim gira em torno de uma noite, na praia semi-privativa de um hotel de luxo, quando uma garota de programa morre afogada. Junto com ela havia outras duas mulheres. É uma delas quem conta o que houve. Ela mente, ela diz o que quer, o que lhe interessa. É ela a narradora do livro, o alter-ego de quem escreve. É um travesti: põe qualquer roupa que lhe atráia.
Em Nada a dizer a história de adultério é apenas a primeira capa de uma guerra de narrativas, em que os personagens destróem mutuamente a auto-imagem que mantinham anteriormente. Esse livro não acaba, é interrompido. Não é possível continuar a contar o que houve na primeira pessoa, quando essa pessoa não mais existe.
O que deu para fazer em matéria de história de amor é a indecisão sobre como contar uma história. Dependendo do enfoque ela pode ser uma história de amor ou a de um assassinato. Ou mesmo as duas.
A escritora estará em Presidente Venceslau, nesta quinta-feira dia 14/11 ás 19h30 no Anfiteatro Municipal para um bate-papo com a plateia.
É a Viagem Literária, programa da Secretária de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura Municipal.

A entrada é franca.

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