sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CASA DE BONECAS

A Secretaria Municipal de Educação e Cultura - SEMEC programou para o próximo domingo dia 1º de Dezembro, às 20h00 a apresentação da peça “Casa de Bonecas”. O teatro tem entrada gratuita e será apresentado no anfiteatro “Nelson Reis Oberlander”, na Avenida Princesa Isabel, 115. Classificação 12 anos, Gênero Drama. Os convites podem ser retirados na Biblioteca Municipal.
SINOPSE
"Casa de Bonecas" se passa na Noruega e trata da história de Nora Helmer, esposa de Torvald, alto funcionário de um banco. A forma cuidadosa como ele a trata esconde a sujeição que ele estabelece sobre ela e revela diversos mecanismos que nos mostram o funcionamento da sociedade patriarcal. A peça mostra o desenvolvimento de um gesto de recusa de Nora em relação a esse estado de coisas, o que a levará a tomar uma atitude radical no desfecho da trama. A montagem da Cia "Os Bárbaros" procura dar uma resposta contemporânea para a peça, aproximando-se da história de lbsen a partir de uma dinâmica criada pelo ato de dizer as rubricas do texto de lbsen.
Esta apresentação faz parte da fase de circulação do Projeto Ademar Guerra.

Bom dia!


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Os 30 anos da descoberta do primeiro sítio arqueológico da região


O espaço territorial que compreende hoje a chamada Região Administrativa de Presidente Prudente, com 53 municípios no Oeste Paulista, foi um local muito habitado por índios em sua fase pré-histórica. No entanto, a partir do século 20, com a intensificação da colonização pelo homem branco, isso mudou de rumo.
“Os índios viviam em relativa tranquilidade na região. Mas o colonizador desestabilizou essa forma de vida dos índios. O colonizador queria a terra e o índio não era interessante para ele no local. A colonização da região foi muito predatória. Provocou o esgotamento de toda a região. Não havia a preocupação com a preservação do solo, da vegetação e da vida do índio. O índio foi exterminado ou empurrado para lugares mais distantes”, afirma a antropóloga e arqueóloga Ruth Künzli, professora emérita do campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente.
Em 2013, ela celebra os 30 anos da descoberta do primeiro sítio arqueológico da região. É o chamado Sítio Alvim, que fica no distrito de Itororó do Paranapanema, no município de Pirapozinho, às margens do Rio Paranapanema, que divide os Estados de São Paulo e do Paraná. “Em função do achado, montamos uma equipe de arqueologia, com o professor José Martin Suárez, o Pepe”, lembra Ruth, que cita o colega geólogo e paleontólogo.
Com isso, foi criado o Projeto Arqueológico da 10ª Região do Estado de São Paulo. Atualmente, são 49 sítios arqueológicos mapeados, com material coletado sob guarda da Unesp, já que se trata de patrimônio da União. São peças cerâmicas, pedras lascadas e polidas e material malacológico, que envolve conchas. No tamanho, elas variam de três centímetros a 1,5 metro. O acervo inclui utensílios, ferramentas, vasilhames e urnas funerárias.
‘Acidente’
O interesse de Ruth pela pré-história foi obra do acaso, conforme ela mesma conta. “Foi acidental, com a descoberta do primeiro sítio. Foi um acaso. Um senhor trouxe pedaços de cerâmica à Unesp que nos levaram ao Sítio Alvim. A partir daí, me envolvi completamente com a arqueologia”, conta a pesquisadora.
Em urnas funerárias, ela encontrou, além de ossos, machadinhas pretas, pequenos potes e vasilhames que deveriam conter alimentos. Isso indica um ritual de preparação dos mortos para um outro mundo.
A pesquisadora identificou uma concentração de sítios arqueológicos nas confluências de rios maiores com cursos d’água menores. Isso demonstra a busca das populações por alimentação, através da pesca, e por água, para garantir a sobrevivência.
Porto Primavera
Entre 1998 e 2002, foi desenvolvida a etapa de campo do Projeto de Salvamento Arqueológico de Porto Primavera. O resultado rendeu 110 sítios arqueológicos, dos quais 15 foram escavados. O material coletado atingiu a marca de 98 mil peças, entre objetos de cerâmica, pedras lascadas e polidas e malacológicos.
A equipe de pesquisadores teve de agir rapidamente, devido à inundação provocada pela formação do lago da usina hidrelétrica de Porto Primavera, construída pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp), no Rio Paraná, e trabalhou na margem paulista.
“Foi uma luta contra o tempo, mas se perdeu muito material”, lamenta Ruth. Em 2008, foi feito um novo monitoramento da área, com a descoberta de oito sítios em situação de risco. Com isso, montou-se a segunda etapa do projeto de Porto Primavera, com o trabalho de campo de escavação destes oito sítios, entre 2008 e 2011.
“A conclusão é de que a região foi uma área de ocupação tupi-guarani, diante das características da cerâmica, por causa das urnas funerárias e de uma decoração chamada de corrugado, feita com o polegar, com populações lavradoras de índios sedentários e aproximadamente 1 mil anos”, explica Ruth.
Já as pedras lascadas, segundo ela, foram feitas por populações nômades, coletoras e caçadoras, que remontam a uma faixa entre cinco mil e sete mil anos atrás.
Em 2011, a equipe de arqueologia da Unesp, com a Prefeitura de Presidente Epitácio, começou a montar um projeto para a criação de um museu histórico e arqueológico na cidade, um Ecomuseu. Fica no sítio arqueológico da Lagoa São Paulo e conta com verba da Cesp, como forma de compensação pelos impactos causados pela usina de Porto Primavera, através de acordo com o Ministério Público nas esferas estadual e federal.
“A implantação está em fase de tratativas legais. A ideia consiste em deixar o material protegido por vidros, mas aberto ao público, com passarelas para que as pessoas possam ver o acervo in loco. Vai ser um atrativo turístico muito grande. Através do museu, a preocupação se volta para o patrimônio cultural, para fazer com que a população o conheça”, conta a pesquisadora.
Família
Filha única, Ruth Künzli nasceu no dia 10 de novembro de 1939, em São Paulo (SP). Os pais moravam em Álvares Machado e a ida à capital paulista foi só para que ela pudesse nascer. Logo em seguida, voltaram para a região e se estabeleceram em Presidente Prudente. Os pais eram suíços.
A mãe, Margarida, foi uma das fundadoras da Aliança Francesa, onde deu aulas de francês e alemão, e também da Sociedade Hípica de Presidente Prudente, pela qual ensinou equitação. Escreveu dois livros de crônicas sobre fatos marcantes de sua própria vida – “Grandes e Pequenas Pedras de um Mosaico” e “Palavra-chave: Cavalo (A Sociedade Hípica de Presidente Prudente)” – e faleceu em 2011, aos 100 anos.
Já o pai, Gotthard, foi engenheiro civil e agrimensor. Trabalhou na Prefeitura de Presidente Prudente. E deixou um legado de obras que até hoje marcam a história da cidade, como a duplicação da Avenida Brasil, a torre da Catedral de São Sebastião, o primeiro prédio de vários andares no Centro de Prudente (na área onde hoje fica o banco Santander), o edifício onde funciona a Associação Comercial e Industrial (na Rua Siqueira Campos) e o desnível entre as pistas da Avenida Manoel Goulart (entre a Avenida Coronel José Soares Marcondes e a Avenida Brasil). Também deixou sua marca na Igreja Matriz de Álvares Machado, na implantação dos sistemas de água de esgoto de Presidente Bernardes, Santo Anastácio e Presidente Epitácio e na abertura das cidades de Bataguassu (MS), Bataiporã (MS) e Rosana. Gotthard morreu aos 81 anos, em 1983.
“Iniciei os estudos formais aos dois anos de idade, no Colégio Cristo Rei, para aprender o português. Em casa, só se falava o suíço (dialeto). A vantagem foi a de que freiras alemãs me ajudaram nesse aprendizado. Fiz os ensinos primário e ginasial no Cristo Rei e, depois, o científico no IE [Instituto de Educação] Fernando Costa. Em 1962, me formei na primeira turma de geografia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras [Fafi], que foi a precursora da Unesp na cidade”, lembra Ruth.
Entre 1964 e 1965, ela fez um estágio de um ano na Suíça, em antropologia. Em 1967, começou a dar aulas de antropologia na Fafi, em Prudente. Em 1980, defendeu o mestrado na Universidade de São Paulo (USP), sobre o ensino agrícola e a vida rural no Sudoeste Paulista. Em 1991, também pela USP, concluiu o doutorado com uma tese sobre o sítio arqueológico de Narandiba, em que abordou a arte rupestre desenvolvida em gravuras sobre basalto.
Ainda em sua trajetória, Ruth atuou na criação do Museu Etnográfico da Fafi, com material indígena, em 1972, e do Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia (Cemaarq), já na Unesp, em 1991, que juntou os acervos etnográfico e arqueológico. Em 2005, passou a integrar o material paleontológico recolhido em pesquisas do professor Pepe na região, com sáurios, crocodilianos e quelônios. Hoje, ela se orgulha de dizer que o Cemaarq recebe 14 mil visitantes por ano.
Ainda nas atividades profissionais, Ruth se envolveu em dois projetos importantes. “Através de Projetos de Políticas Públicas da Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo], portanto com verbas dessa instituição, nos propusemos a reestruturar e informatizamos o Museu Histórico e Arquivo Municipal de Presidente Prudente e criamos o Museu Histórico de Álvares Machado”, relata.
Por outro lado, a participação da pesquisadora na vida comunitária em Presidente Prudente é também marcante. Ela foi por quatro anos presidente da Sociedade Hípica. Por duas vezes, presidiu o Conselho Municipal de Cultura. Foi membro por várias vezes do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) local (hoje denominado de Comudephaat) e faz parte há mais de dez anos do Clube Soroptimista, do qual é atualmente presidente.
Para ela, o resultado de todo este trabalho é “gratificante” e deixa a “sensação do dever cumprido”. “Enquanto eu tiver condições físicas, de saúde, vou continuar”, avisa.
Fonte: ifronteira

bom dia!


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Oficina de Teatro


Presidente Venceslau deve receber no início de 2014, o primeiro módulo de uma oficina de teatro que deverá fomentar a formação de um grupo de teatro da cidade.
A oficina será oferecida pela Oficina Cultural Timochenco Wehbi de Presidente Prudente em parceria com a SEMEC, e acontecerá aos sábados no Anfiteatro Municipal.
O curso contará com 30 horas/aula e será ministrado por um ator e diretor prudentino.
Em fase de autorização pelos órgãos competentes deveremos ter a confirmação em breve e então passaremos todos os detalhes como número de vagas, horários, forma de inscrição e conteúdo.

Bom dia!


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Cinema 6D

A tecnologia do cinema em seis dimensões chegou a Presidente Venceslau. O Cine 6D mescla filme em terceira dimensão, movimentação das poltronas e efeitos sensoriais. Seis filmes, de cinco minutos cada, estão disponíveis. Todos os dias dás 15h00 às 23h00, o público poderá assistir aos filmes “Trem Fantasma”, “Mina de Ouro”, “Dinossauros”, “Fundo do Mar”, “Centro da Terra”, entre outros, por R$ 5.
Cada filme tem duração de cinco minutos. O Cine 6D está instalado em uma cabine com capacidade para oito pessoas, na Praça Nicolino Rondó. A nova atração exibe filmes em terceira dimensão combinados com a movimentação das poltronas e fatores sensoriais como vento, água borrifada e aroma de chocolate.

Bom dia!


Apresentação de resultado

Neste sábado, 23/11, às 14h00 no Anfiteatro será apresentado o trabalho resultante da Oficina de Fotografia - Memórias Venceslauenses, o resultado será na forma de vídeo/foto que mostrará pontos da cidade de ontem e hoje. Durante os meses de outubro e novembro, sempre aos sábados, as oficineiras Letícia e Laísa acompanhadas dos participantes da oficina realizaram saídas fotográficas, revisitando vários locais da cidade que já foram registrados em outras épocas. Foi um trabalho interessante de resgate da memória por meio das fotos. A entrada é franca e todos estão convidados.
Que prédio é este? Como está hoje?

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Oficina do Ponto MIS

Ontem a noite, 20/11, no Anfiteatro foi realizada mais uma atividade do Ponto MIS, a oficina: "Cinema - Arte das Transformações", A oficina visa a apresentar o impacto das mutações técnicas desde o nascimento do cinema: das imagens em movimento que anunciaram a invenção do cinematógrafo no século 19 ao 3D e ao digital que reinventam o modo de fazer e ver filmes no século 21. Esta viagem no tempo mostrará como o movimento, as cores, o som, a fotografia e os computadores modificaram a aparência e o sentido do que, mesmo assim, continuamos chamando de “cinema”. Por meio da apresentação de fragmentos de filmes de todas as épocas, os participantes entenderão como o cinema se transformou e inventou seu futuro. Esta oficina foi realizado por Cássio Starling que além de crítico e curador, pesquisador e professor de história do
audiovisual. Colabora regularmente que o jornal Folha de São Paulo. É organizador, editor e autor das coleções Folha Clássicos do Cinema (2009), Folha Cine Europeu (2011) e Folha Chales Chaplin (2012). Autor do livro "Em Tempo Real" (2006) sobre narrativas de séries de TV. Foram oferecidas 50 vagas para participantes e a atividade foi gratuita.

Stand-Up

Sábado, dia 16/11, se apresentou no Anfiteatro o comediante Bruno Lemes, com um texto leve e sem apelações, apresentou um humor de ótima qualidade que divertiu o público presente. Bruno deve voltar em breve com um novo espetáculo.



Bom dia!


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Bate-papo com o autor





Presidente Venceslau recebeu na última quinta-feia, 14/11, na Biblioteca Municipal mais uma etapa do programa Viagem Literária em um "Bate-papo com a autora", Elvira Vigna, escritora, desenhista e jornalista bateu um papo agradável por mais de uma hora, falou sobre seu trabalho como jornalista, desenhista, contou sobre como é o seu processo de criação, de onde "tira" as histórias do seus livros, fez um comparativo entre o seu estilo de narração e o do escritor Guimarães Rosa, e ao final respondeu perguntas, muitas perguntas dos presentes e tirou fotos. Seu livro mais recente é finalista do prêmio São Paulo de Literatura. Esta foi a última etapa do ano do programa que deve retornar no segundo semestre de 2014.
Abaixo você pode conferir um trecho de sua obra.

A escritora Elvira Vigna

Público presente na biblioteca

Elvira e seus ouvintes atentos

Trecho do livro "O que deu pra fazer em matéria de história de amor"
Capítulo 1
Chega um cheiro de cigarro da mesa ao lado. Aspiro. Não fumo, nunca fumei, se me perguntarem, não gosto de cigarro, não perguntam, já sabem. No entanto, gosto. E podia parar por aqui. Porque é nisto que penso. Nessas histórias que parecem uma coisa e são outra. Se forçar a barra, chego no suspense, no será que. Por exemplo. Espero Roger. Já sei. Oi. Oi. E aí. Tudo bom. E quando afinal ingressarmos no pós-introito, ele vai falar do Guarujá. De eu ir ao Guarujá. E eu vou dizer que não quero. E no entanto, quero.
E quero porque preciso da história. Precisamos. Digo, não eu e Roger. Apenas. Mas todos. Um suspensinho para, uma vez resolvido, acharmos que tudo está resolvido. E pior. Suspensinho resolvido e o ahhh subsequente embora todos – eu e o resto do universo – saibamos: suspense nenhum. Adeus suspense. Já sabemos tudo. Antes. Antes de acontecer já sabemos. Não é nem o vai dar merda. Não vai dar. Já é. Acho que é coisa de pós-guerras. Assim no plural. Não mais guerras, mas batalhas pulverizadas em cada momento de todos os dias. E é isto o que eu quero/não quero. Não mais o suspense. (Porque matou, viu, digo logo: matou sim, é o que eu acho.) Mas a história. Já que, sem nada além de batalhas corriqueiras, todas iguais, só nos resta inventar: interesses, palpitações – e sentidos.
Invenções modestas, é bom que se saiba. Porque depois do nine-eleven dos gringos, tão cinematográfico, tão mas tão, devemos ter a humildade de nos recolher a produções menores. Guarujá pois.
Invenções menores e parciais, vou avisando. Quase que não, as invenções. Porque depois de tantos superpoderes, um em cada esquina, é o que funciona: o contar apenas, como se fosse uma história. Mesmo quando não é. Ou quase não. Ir me contando, como se não fosse eu, como quem fala dos outros.
No caso, os outros são Rose, Gunther, Arno.
Os três pais de Roger.
No Guarujá, eu indo ao Guarujá, como quer Roger, poderia aperfeiçoar a história que quero contar e que não é bem uma história, mas duas. E cujos nomes não são bem estes, só parecidos. E, contando-os, o que me vem por trás destes nomes, talvez me conseguisse contar, eu, a quem não vou dar um nome.
E não sei o final. Ao começar, não sei como acabo, como ficarei, eu. É meu suspensinho particular.
Este final que não sei qual vai ser, quando vier, se vier, será meu pagamento, aquilo que espero receber pela minha estada por lá. O “lá” que, sim, conheço. Um apartamento fechado por muito tempo, e que estava caindo aos pedaços mesmo antes de ficar fechado. E cujas tomadas nunca souberam o que é internet. E numa praia deserta: é agosto. Meu pagamento será, assim espero, um quase ponto final na minha história, a real, com Roger. E aí, a partir deste quase ponto final, como um dominó ao contrário, uma vez este quase ponto final obtido, tudo se levantará ordenadamente na minha frente. O quase ponto final uma vez obtido, trrrrrrr, um barulho das peças se levantando, em ordem, tão em ordem, ah, uma ordem, sequencialmente, ah, uma sequência, até a maiúscula inicial. Ficarão lá, os bloquinhos de pé, perfeitamente visíveis, inteligíveis, formando um caminho claro, veja só, acaba aqui, começa portanto ali. Fazendo o maior sentido.
E é um quase ponto final, e não um ponto final inteiro, redondo, indissolúvel, perfeito, porque a história, por mais que eu (me) imponha uma Rose, um Gunther e um Arno há muito extintos, nunca poderá ser só minha. Só contada por mim. Dela, meu controle é bem relativo. Pois me faltará sempre o conluio dos outros. Um “é sim”.
“Foi sim! Foi assim mesmo!”
Não tenho como obter de antemão uma coisa dessas. Me garantir. Por mais que de fato eu não invente. E mostre: aqui, ó, a foto. Aqui, veja, o documento. É verdade. Juro. Roger, por exemplo, nunca aceitou minhas tentativas anteriores de dominó. Ainda que eu mostrasse: mas vem cá, pensa comigo.
Me escudo em uma vantagem, ao contar. Histórias são recebidas, hoje, sempre com um meio ouvido. Todos meio ouvintes que, mal se iniciam na narrativa, já pensam em outra coisa. Claro, vontade, sim, eles têm, de umas pequenas férias da vida lá deles. Umas pequenas férias de si mesmo, quem não quer. Mas entram (entramos) sem acreditar muito em nada. Tentam (tentamos) uma meia-entrada com nossa atenção a meio-pau em uma seminarrativa sobre o que, mesmo? Ah, sim, vidas alheias que talvez sejam as nossas. Fazem isso (fazemos) para tentar recuperar, à distância e sem grandes esforços, a vida. A nossa. Mas sem acreditar muito que vá de fato funcionar. Eu sei. É igual para mim. Mesmo em se tratando de vidas – estas, as contadas – com certificado de simplicidade, pois se são contadas. Apresentadas frase após frase, elas ficam, as vidas, se não lineares, pelo menos sequenciais. Necessariamente mais simples que as que de fato temos. Mesmo esta aqui. Nem um pouco simples. E que é a que de fato tenho, mesmo quando, o dia cheio, não a conto, nem para mim.
Não me queixo desse meio ouvido que me espera. Já disse. É uma vantagem. Preciso desse meio ouvido em vez de ouvidos inteiros, pois sequer sei como começar.
Posso dizer que Roger está atrasado. Claro. Sempre está. Um começo ready-made.
Ou posso começar pela década de 60. Década de 60 me parece melhor. Década de 60 explica sempre muita coisa (embora o atraso de Roger também explique muita coisa). Década de 60 explica os petrodólares que surgiam como mágica, o início da ditadura militar, esta outra mágica, também bem besta. E é mágica porque as coisas não mais começavam, duravam e acabavam. A ditadura, por exemplo, começou em 64, e depois outra vez em 68. E acabou sem acabar, de tão aos poucos. É o que eu dizia, batalhas diárias, anônimas, quase sem existir. Em vez de guerras.
E década de 60 também é bom por causa da trepada no chuveiro.
Me parece um bom começo, trepadas no chuveiro.
E esta foi uma trepada no chuveiro enquanto as pessoas tomavam cerveja na sala, e diziam aos cochichos, em risadas, mas será que eles estão trepando no chuveiro? Estão. Estávamos. Mas não é nem certo eu falar sobre isso agora, de entrada, porque ainda não sei, neste momento, como podem ser entendidas essas coisas daquela época. Como posso entendê-las, eu, hoje. Preciso criá-las, recriá-las, para saber ou, melhor, para achar que sei.
Quem dirá saber como é trepar no chuveiro enquanto pessoas tomam cerveja na sala, o disco da Elis Regina. Quem dirá saber como é escutar Elis Regina com o braço levantado e aquela cara de animadora de festa infantil que, não, desculpe, mas tinha. Porque as coisas mudam.
As coisas não mudam. Justamente.
Porque poderia contar a história de Arno, Rose, Gunther, Roger – e, em menor escala, da mulher de Gunther – no pós-guerra da década de 40, 50. Como poderia contar a minha, na primeira pessoa, no final da década de 60, início da de 70, a trepada no chuveiro, as pessoas bebendo cerveja na sala. Entre uma e outra, uns vinte anos de diferença. E – acho eu aqui e agora, antes de começar – bem poucas outras diferenças. Por exemplo, em ambas as histórias, nada de tão bombástico. Porque as coisas mudam, as coisas não mudam, mas bombástico definitivamente não é mais uma possibilidade. Mesmo quando o foram. Ao contar não mais o temos. Bombástico é, já disse, o nine eleven. Bombástico, agora, só em inglês.
Perdemos o bombástico, nós. Nosotros.
Até o mar, quando sobe, o faz devagarzinho, ressaca por ressaca, ninguém de fato percebe. E tornam a consertar a calçada. O apartamento do Guarujá não é de frente para a praia. Só perto. Mas dá para escutar a ameaça surda, contínua. Daria. Ninguém escuta. Acostumaram.



Bom dia!


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Viagem Literária

Elvira Vigna é uma escritora, ilustradora e jornalista brasileira. Nasceu no Rio de Janeiro em 1947, hoje mora em São Paulo.
Tem vários livros publicados e alguns prêmios, como o de ficção da Academia Brasileira de Letras e um prêmio Jabuti de literatura infantil - setor a que se dedicou no início de sua carreira. Em seu site mantém para leitura livre os seus textos fora de catálogo. É ilustradora e também faz críticas e resenhas sobre arte
Os livros de Elvira Vigna apresentam, ao lado da narrativa ficcional de cada um, o processo - sempre o mesmo - de se fazer uma narrativa ficcional.
Sete anos e um dia, seu primeiro romance, está disponível na íntegra no site da autora. Trata-se da história de quatro amigos durante a época da abertura política, pós-ditadura brasileira, quando nada do que acontecia parecia muito real.
Em O assassinato de Bebê Martê uma mulher sabe que sua melhor amiga matou o próprio pai, há muitos anos, durante uma festa onde se comemorava o aniversário de 80 anos dele. Nesta noite haverá uma outra festa. Ela refaz na sua cabeça os acontecimentos passados, acrescentando aqui e ali alguns detalhes de como ela acha que o fato se deu. Durante a festa ela irá repetir esse crime, agora não mais como mera ouvinte, mas como autora dele.
Em Às seis em ponto um casal de namorados já maduros vai visitar a família da mulher. O motivo é um drama: na semana anterior o pai dela amanheceu morto na banheira. Durante a viagem, a mulher tenta - e não consegue - contar uma história para o namorado: a de como essa viagem na verdade é uma segunda viagem, a primeira tendo sido feita uma semana antes, quando durante uma briga ela jogou o pai na banheira e o matou. A história não é totalmente contada, o namorado terá que conviver com a dúvida sobre o quanto de verdade ficou do lado de fora.
Em Coisas que os homens não entendem uma mulher volta de Nova York em busca de um ex-amante. Ela acredita que só poderá ser feliz se disser a ele o que se passou em um fim de tarde em que um irmão dele morreu, supostamente por bala perdida. Ela precisa contar. Ela começa, ele interrompe: ele já sabe. Ele sempre soube de tudo. Ficam juntos por um tempo mas ela decide ir embora: não dá para ficar com alguém a quem não haja mais nada para contar. Esse livro teve uma edição em sueco.
Em A um passo cada personagem conta, em sua própria voz, o que ele acha que sabe sobre os outros. Cada um explica um pouco a respeito de um roubo e de uma tentativa de assassinato. Há um personagem que conta todos os outros e que só vai aparecer no final. É ele o narrador e seu problema é o que ele fará uma vez que os seus companheiros estejam mortos ou tenham fugido. O que fazer depois que as transgressões foram feitas e assimiladas.
Deixei ele lá e vim gira em torno de uma noite, na praia semi-privativa de um hotel de luxo, quando uma garota de programa morre afogada. Junto com ela havia outras duas mulheres. É uma delas quem conta o que houve. Ela mente, ela diz o que quer, o que lhe interessa. É ela a narradora do livro, o alter-ego de quem escreve. É um travesti: põe qualquer roupa que lhe atráia.
Em Nada a dizer a história de adultério é apenas a primeira capa de uma guerra de narrativas, em que os personagens destróem mutuamente a auto-imagem que mantinham anteriormente. Esse livro não acaba, é interrompido. Não é possível continuar a contar o que houve na primeira pessoa, quando essa pessoa não mais existe.
O que deu para fazer em matéria de história de amor é a indecisão sobre como contar uma história. Dependendo do enfoque ela pode ser uma história de amor ou a de um assassinato. Ou mesmo as duas.
A escritora estará em Presidente Venceslau, nesta quinta-feira dia 14/11 ás 19h30 no Anfiteatro Municipal para um bate-papo com a plateia.
É a Viagem Literária, programa da Secretária de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura Municipal.

A entrada é franca.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Dia do Servidor Público

No dia 28 de outubro comemora-se o dia do funcionário público. A data foi instituída no governo do presidente Getúlio Vargas, através da criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil, em 1937.
Em 1938 foi fundado o Departamento Administrativo do Serviço Público do Brasil, onde esse tipo de serviço passou a ser mais utilizado.
As leis que regem os direitos e deveres dos funcionários que prestam serviços públicos estão no decreto nº 1.713, de 28 de outubro de 1939, motivo pelo qual é o dia da comemoração desse profissional.
Em 11 de dezembro de 1990, foi publicado o novo Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, a Lei nº 8112, alterando várias disposições da antiga lei, porém os direitos e deveres desses servidores estão definidos e estabelecidos na Constituição Federal do Brasil, além dos estatutos das entidades em que trabalham.
Os serviços públicos estão divididos em classes hierárquicas, de acordo com os órgãos dos governos, que podem ser municipais, estaduais ou federais. Os serviços prestados podem ser de várias áreas de atuação, como da justiça, saúde, segurança, educação, cultura etc.
Para ser servidor público é preciso participar de concursos e ser aprovado no mesmo, garantindo assim a vaga enquanto profissional. O bom desse tipo de trabalho é que o servidor tem estabilidade, não pode ser dispensado de suas funções. Somente em casos extremos, em que se comprove a falta de idoneidade de um funcionário público, é que o mesmo é afastado de seu cargo.
Os salários dos funcionários públicos são pagos pelos cofres públicos, dependendo da localidade. Se for municipal, são pagos pelas prefeituras; se estadual, pelos governos estaduais; e se federal, pagos pelos cofres da União.
Os servidores públicos devem ser prestativos e educados, pois trabalham para atender a população civil de uma localidade. É comum vermos pessoas reclamarem dos serviços públicos, da falta de recursos dos mesmos, falta de profissionais para prestar os devidos atendimentos ou até mesmo por estes serem mal educados e ríspidos com a população. É bom enfatizar que esses profissionais lidam com o que é público, ou seja, aquilo que é de todas as pessoas. Portanto, ganham para prestar serviços a toda comunidade. 
Em comemoração a este dia a SEMEC promoveu um café da manhã entre o funcionários, o Secretário Municipal de Educação e Cultura, Sebastião Erculiani e o Vice-Prefeito, Osvaldo Melo estiveram presentes.




Marcelo, Martelo, Marmelo e Outras História

No domingo dia 10/11 no palco do Anfiteatro Municipal, aconteceu mais uma apresentação do Circuito Cultural Paulista, a peça de teatro infantil: "Marcelo, Martelo, Marcelo..." foi encenada pela Cia Paulista de Artes, e divertiu a a platéia composta em sua maioria por pais e filhos. A peça baseada no texto homônimo da escritora Ruth Rocha contou as três histórias constantes no livro, a do Marcelo, da Gabriela e do Caloca, recheada de sons de músicas os atores evolveram a platéia que participou cantando e batendo palmas. O Circuito Cultural Paulista voltará em março de 2014 com apresentações de circo, teatro, dança e música.

Montagem  do cenário e luz

Preparando os últimos detalhes

Público

Público

Tudo pronto para iniciar

A peça começa com os atores entrando pela porta do teatro

Nos primeiros momentos da peça os atores passam pelo meio da platéia


Encenando Marcelo, Martelo, Marmelo

Momento musical da peça

História da Garbiela

Caloca e sua turma