quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Valor Simbólico da Cultura

"Fico feliz pela oportunidade de continuar esta coluna, como agradeço aos 14 comentários da primeira coluna, além dos 83 enviados por e-mail e pelas redes sociais. Foi interessante ser parado na rua para conversar sobre o tema, pois acredito que apresenta a necessidade de vazão do debate sobre cultura, acredito que mais gente quer discutir os múltiplos temas que se referem ao assunto. Gostaria que mais gente comentasse, pois não acredito na “ser o dono da verdade”, mas acredito que avançaremos pela diversidade das opiniões.
Gostaria de apresentar duas questões que estão matutando na minha cabeça, com base nestes tantos comentários apresentados, que serviram de introdução ao ensaio de hoje. Acredito que a cultura não pode ser qualificada entre mais ou menos importante, como também não acredito que existam pessoas mais ou menos predestinadas a cultura, não me agrada o adjetivo “homem culto”, acredito na cultura como um elemento além do mundo das artes. Acredito na cultura como um espaço de disputa de valores, recursos humano, recursos materiais, sentidos, sentimentos e comportamento, por isso nunca vou diminuir a importância de uma manifestação cultural, pois é uma produção humana, ainda mais por não ser a que gosto, muito menos por não atender o padrão estético determinado por alguma mídia ou academia. Assim prefiro não gostar de ouvir um estilo musical, mas ouvi-lo, pois ao saber que foi proibido de ser difundido ou incentivado por políticas públicas o defenderei.
Outra questão desta semana tem relação com Cultura e Emprego, olha que esta questão me fez pensar muito. Também fez parte do meu objeto de estudo na Fundação Escola de Sociologia Política, pensei em escrever um ensaio sobre isto, mas optei por deixar um pouco mais para frente, mas não poderia deixar de dizer que a cultura também gera emprego.
Na nossa cidade já existe um conjunto de pessoas que trabalham com a cultura, seja nas escolas de música, dança, pintura, artesanato, fabricação de móveis em madeira, pequenas produções de evento.
Acho que precisamos discutir em conjunto algumas iniciativas que motivem a ampliação deste ambiente e abra espaço para mais gente, iniciativas e investimentos, como a utilização de espaços públicos, como a promoção de eventos durante o ano no recinto da FAIVE, mas apenas acho desconexo dizer que investir em cultura é destoar do esforço de geração de emprego, espero ter entendido mau, mas um dos comentários colocou em contraposição o investimento em cultura e geração de emprego, sobre isto só posso comparar com a “miséria do pensamento humano”, aquele pensamento que rasteja por migalhas quando pode voar, afinal investir na cultura vai muito além do retorno em emprego. Mesmo assim é o indicador econômico que mais cresce no mundo, seja nas políticas públicas, entretenimento e comunicação. Se não fosse da “cultura do humano” buscar o melhor, quem sabe o emprego hoje não continuaria sendo em trabalho de quatorze horas por dia, como as fabricas inglesas no sec XVIII, ou então trabalho escravo, por isto acredito na cultura como elemento de evolução e transformação do ser.
A cultura é base simbólica da sociedade, inerente ao ser humano e se caracteriza pelo seu modo de viver, como na língua, valores, crenças e praticas que constroem símbolos e adotam significados, pois na cultura sempre observamos um contexto histórico e social de um povo.
A analise de que passamos por um momento de ampliação da democracia e liberdades, reconhecendo a diversidade cultural do nosso povo como nossa maior riqueza, com ênfase ao redescobrimento das tradições indígenas, afro brasileiro e raiz popular. A cultura visa sempre ampliar o acesso de toda população a produção cultural, para isto precisamos reconhecer a diferença que existe dentro da nossa cidade, temos periferia, temos tratado com indiferença o acesso da periferia da nossa cidade aos produtos culturais disponíveis, assim criamos a Cultura da exclusão.
Como podemos dar o direito das pessoas escolherem? Como ampliar o consumo de produtos culturais? Como a valorização da cultura da paz? Acredito que reconhecendo a importância de toda a produção humana, na busca pela ampla garantia de acesso a políticas públicas de cultura.
Muitas pesquisas indicam a viabilidade de investimentos na área de cultura, mesmo que estejamos cada vez mais consumidos pela globalização e pelos efeitos da grande indústria cultural na indicação de padrões, mas investir na diversidade cultural como ponto de desenvolvimento humano, como um possível caminho para o desenvolvimento na economia, com parcerias estáveis, que promovam uma política cultural passível de suprir as necessidades de quem investe e da sociedade. “A garantia de planejamento de ações culturais desenvolvem normas e procedimentos de gestão e qualidade, para firmar parcerias e se colocar neste mercado de maneira diferenciada” (Brant, 2004).
Acho que já esta aberta mais uma rodada de debate, para aqueles que optarem por uma conversa presencial, já convido para a reunião do Conselho Municipal de Cultura (provisório) na próxima segunda feira, dia 14 de Outubro às 19h30 na biblioteca municipal. Estamos debatendo o Plano Municipal de Cultura. Todas as opiniões serão bem vindas".
Obrigado e boa semana. Juro que tentei escrever menos (ao amigo Klaison Simeoni)

“Que seu orgulho e objetivo consistam em pôr no trabalho algo que se assemelha a um milagre”. (Leonardo da Vinci)

Por Francisco Gonçalves

Fonte: Portal Bueno

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